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Angela Aparecida Costa, enfermeira chefe do
Serviço Especial de Saúde de Araraquara –
Sesa, responsável pelo programa de vacinas do
município de Araraquara
doenças, porque esses pais quan-
do tiveram filhos, elas já estavam
erradicadas e o pensamento é: se
não tem mais a doença porque va-
cinar?”, ressalta a enfermeira.
Outro ponto que afasta os
adultos da vacinação, de acordo
com a Angela, é o conhecimen-
to que faz parte de uma política
de saúde do Brasil que por muito
tempo frisava que a vacina deve
ser destinada a criança menor que
5 anos. “Isso se deve a uma fase
em que a mortalidade era grande
nessa faixa etária e a maioria das
pessoas acabou incorporando
esse conceito de que vacina é coi-
sa de criança”, acrescenta.
Hoje a vacinação passa por
uma revisão de conceito: “A gen-
te percebe que a população reage
frente a dados de doenças. Por
exemplo, a febre amarela, que es-
tava em uma situação controlada,
começou a ter doença instalada
ma eletrônico muito eficiente que em pessoas aqui da cidade com
hoje é visto como referência. Foi JovenS e ADuLtoS tAMBÉM caso de óbito e os que não eram
feito um levantamento e as va- PreCiSAM toMAr vACinAr vacinados se apavoraram e fo-
cinas com maior falta de adesão ram atrás de vacina. Em um cur-
são contra Influenza e HPV. As Embora muitas vezes asso- to tempo, tivemos que fazer um
outras tem excelente cobertura, ciada apenas às crianças, a va- trabalho exacerbado. Ao mesmo
maior que 95.5% em crianças nos cina também é importante para tempo que fazemos muitas vaci-
primeiros 10 anos, ou seja, uma adolescentes, jovens e adultos. nas, é preciso ficar alerta com os
criança até o décimo ano de vida Segundo Angela, a cobertura em que não podem ser vacinados, ou
tem uma cobertura muito boa. Eu adultos no município está mais seja, gera toda uma situação que
fico tranquila em relação ao sa- baixa do que a média necessária, pode ser evitada com a preven-
rampo. Acho que não será neces- em torno de 90% a 93%, mas para ção”, alerta.
sário introduzir a imunização em o controle de doenças imunopre- Segundo Angela, as pesso-
criança, mas sim na faixa etária do veníveis é preciso ter níveis em to- as têm que se conscientizar que
adulto jovem, que na prática faz das as vacinas superiores a 95%, a única maneira de manter con-
parte do grupo de pessoas quem que é o mínimo aceitável. “Quando trolada a doença é com a vacina.
ouve e acredita em fake news e se fala desse declínio, a gente vê a Ela informa que o sarampo está
por algum motivo também não se faixa etária de um grupo de pesso- mostrando isso claramente, pois
vacina”, ressalta. as que não viveram a fase dessas obteve a erradicação em 2016 e
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