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MEMÓRIA



                  achou que não ia ter show. Fiquei que não ia ter show. Fiquei
                  achou
                  receoso, mas fui ligando e moni-
                  receoso, mas fui ligando e moni-
                  torando. Quando ele chegou foi
                  torando. Quando ele chegou foi
                  um alívio”, conta o produtor, que
                  um alívio”, conta o produtor, que
                  havia colocado oito mil ingres-
                  havia colocado oito mil ingres-
                  sos à venda.
                  sos à venda.
                     A passagem de som foi prati-
                     A passagem de som foi prati-
                  camente um ensaio, com Raulzi-
                  camente um ensaio, com Raulzi-
                  to à vontade tocando e cantando
                  to à vontade tocando e cantando
                  várias de suas músicas. “Ele ar-
                  várias de suas músicas. “Ele ar-
                  rebentou, cantou muito. Fiquei
                  rebentou, cantou muito. Fiquei
                  radiante, pois o Raul estava num
                  dia bom”, comemorou Moacir.
                  Porém, no intervalo entre o final
                  dos ajustes de som e o início da
                  participação de Raul, cerca de
                  5 horas depois, tudo mudou. “O
                  ensaio acabou por volta das seis
                  horas  da tarde e  eles voltaram
                  para o hotel. Até às onze da noi-
                  te,  quando  ele  entrou  no  palco,
                  foram cinco horas bebendo e
                  ele já não era mais o mesmo, fa-
                  lhava bastante. Mas era o Raul!”,
                  pondera.
                     Mesmo assim, o rei do rock
                  nacional estava no palco do Gi-
                  gantão cantando para cinco mil
                  pagantes. “Viva! Viva! Viva a
                  Sociedade Alternativa!”, ecoa-
                  va na acústica do Gigantão. “Ele
                  cantou mais umas três músicas
                  sozinho, nas outras o Marcelo
                  Nova  assumiu o vocal, já que
                  Raul estava visivelmente debili-   Jornal O Imparcial informa       Foto-montagem de Andreia com
                                                                                      seu ídolo no Bar do Zinho, feita pelo
                  tado”, rememora Moacir.            sobre o show de Raulzito         amigo Daniel Ramos
                     Nesse dia 16 de dezembro
                  de 1988, Andreia estava lá, com
                  brilho nos olhos, bem em fren-   debilitado pelo alcoolismo, mas   sim, passei a mão no braço do
                  te ao palco. “Naquela época co-  era ele. Não sei como o Gigantão   Raul. Aí fui às lágrimas. Lem-
                  locavam cordas para separar o    não caiu”, recorda Andreia.       brança que nunca mais vou es-
                  público, seguranças e o palco.      Ao final do evento, o senti-   quecer. Raul está bem vivo ainda
                  Quando Raulzito entrou foi uma   mento de Andreia era um mix de    por aqui. Toca Raul!”, conclui.
                  loucura, veio uma onda de gente   amor e tristeza. “Quem era fã de    Raul dos Santos Seixas fale-
                  e a corda não aguentou. Não sei   verdade sabia que seria a última   ceu oito meses depois, em 21 de
                  onde foram parar os seguran-     vez. Corri para debaixo do Gigan-  agosto de 1989, no Inverno, em
                  ças. Foi incrível! Ele lá, já bem   tão onde ficavam os camarins e,   São Paulo.






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