Page 26 - kappa magazine São Carlos
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pErsonaGEm da kappa
             Sebastião Cirilo da Silva Braga





























           operário das letras




           O menino que queria ser padre demonstrou cedo sua vocação para o jornalismo e há mais de
           três décadas declara seu amor pela cidade através de crônicas




           Por Eloiza strachicini           por desenhos e caricaturas suas.  ou praticando seu hobby: a caminha-
           Foto mauricio motta                 Apesar de ter se formado em Direi-  da. Mas não sem antes professar a
                                            to, o menino que queria ser padre se   fé aprendida com a mãe: não sai de
                 obrou muito da personalidade   tornou jornalista.  Autodidata, come-  casa sem ler um trecho da Bíblia e
                 do menino tímido e bem-hu-  çou escrevendo crônicas para o Diário   ouvir Ave Maria de Gounod.
           S morado que tinha  oito anos    de São Carlos. Daí para assumir o cargo   Adora conhecer lugares novos e
           quando se mudou de Boa Esperança   de repórter foi um pulinho. Trabalhou   tem até um ritual: caminha pelo centro
           do Sul, sua terra natal, para São Car-  no Correio de São Carlos, na Intersom e   da cidade, compra o jornal local e vai
           los. Sebastião Cirilo da Silva Braga, o   foi editor de um jornal em Ibaté e de   ao supermercado, pois assim é possí-
           10º de 11 filhos, foi o escolhido pela   A Tribuna. Desde 1984 trabalha na Câ-  vel descobrir como se vive ali. Porém,
           mãe, Aparecida, católica fervorosa,   mara, atualmente como assessor de   alguns dias fora, e a vontade de voltar
           para receber o nome do padroeiro   imprensa. Sempre foi muito generoso   é imensa. “Não sou são-carlense, mas
           boa-esperancense.                com os colegas. “Até hoje me lembro   me considero ‘são-carlista’, um torce-
              Cirilo, como é chamado, demons-  da ansiedade de esperar ver minha   dor e amante da cidade”, confessa.
           trou cedo sua vocação com as letras.   matéria publicada na capa do jornal   Já prefaciou livros de vários ami-
           Seu primeiro texto venceu um con-  do dia seguinte. O mundo da comuni-  gos. Tem mais de 400 crônicas escri-
           curso de redação de uma revista   cação me fascina”, completa.     tas, 150 feitas em comemoração ao
           católica  quando  ele tinha  7  anos.   Apesar  desse  fascínio,  curiosa-  sesquicentenário da cidade. O jor-
           Depois, criou um jornalzinho caseiro   mente não tem blog, não participa   nalista conta que não pensa em reu-
           em  que retratava sua  família  como   de redes sociais e até mesmo o te-  nir seus escritos em um livro, afinal
           nação, onde o pai, também Cirilo,   lefone celular é dispensado. Caseiro,   “quem vai se interessar pelas minhas
           de escrivão de polícia passou a pre-  ele gosta mesmo é de estar com a   crônicas?”, indaga. Muitas gerações,
           sidente. Foi aí que demonstrou sua   esposa Rosana, primeira e única na-  Cirilo, muitas gerações. Estamos na
           veia artística: o jornal era ilustrado   morada, com os filhos, Thales e Vitor,   torcida para que mude de ideia.



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